19 de mai. de 2011

O tempo passa e a gente vai se perdendo nele. Aquelas pessoas presentes começam a tomar novos rumos, a família cresce e por isso diminui, quase nunca os encontros são os mesmos, os primos já não se reconhecem mais. Há um medo grande de tornar nossos encontros que antes eram casuais e simples, encontros cheios de etiquetas e receios, aqueles encontros tediosos que muitas vezes minha mãe me levava quando ela reveria sua família. Eu achava tudo muito estranho, histórias tão íntimas para pessoas que não se viam há anos. Porque deixamos nos perder por tão pouco? Fico triste, queria ter um poder qualquer que parasse com essas mudanças.
O fato de não dizer não significa que eu não sinta. Sinto falta das conversas casuais, dos sábados, dos almoços, da amizade, daquele laço que aos poucos se desfaz.  Dói não ter contato, estreitar as relações, a vida adulta tem me aparecido de um modo muito bruto. Dói perceber que não há mais sintonia, que estamos cada vez mais distantes, que não saberei detalhes de nada que acontecerá na vida dessas pessoas que por muito tempo foram todo o meu mundo. Dói perder a intimidade, a simplicidade, dói não reconhecer os significados dos olhares e nem o meu ser compreendido. Dói calar quando o que eu mais queria era falar : Hei, o que está havendo? Eu não quero te perder, me desculpa se te fiz mal. Eu só quero o seu bem. Você faz parte do lado mais bonito da minha alma.
Talvez um dia, alguém leia isso. Espero que não tenhamos nos perdido de vez. 

18 de mai. de 2011

Meu namorado às vezes me critica porque escrevo ou coloco algo em meu blog relacionado a criticas da sociedade. Ele argumenta que eu exponho, mas não vivo o que digo. Em parte concordo com ele, eu deveria ser um exemplo vivo, corporificar minhas palavras. Mas o que talvez ele não entenda é que as minhas ondas de “revolução” são o meu corpo acordando para uma dimensão que vai além dos dezoito anos vivendo uma “ditadura” de falsos ideais. Quiçá com mais idade, eu seja capaz de fazer valer com eficácia tudo aquilo que minha mente idealiza.
Meu amor, obrigada por ter a delicadeza de me mostrar as minhas falhas e mesmo assim continuar sendo doce, ter sua pessoa ao meu lado, me ajuda a evoluir os pensamentos. 

12 de mai. de 2011

Eu respeito os idosos, os idosos de bem com a vida, os idosos educados, os idosos bem humorados, os idosos gentis. Esses eu respeito e muito. Mas tem idosos que não pelo fato de ser idosos, mas pelo fato de virem das profundezas do inferno que eu não respeito mesmo. Mas não respeitar não significa responder com grosseria, desrespeita-lo quanto um ser limitado pela condição física.

 O meu não respeito por alguns anciãos não significa que eu seja indelicada ou os falte com educação. O meu protesto aqui, é simples. São alguns idosos que não respeitam os mais novos, que fazem questão de ser bem mal educados, responder com grosseria, serem injustos, indelicados, pelo simples fato de ter mais idade.

A minha educação foi em grande parte voltada para a construção do conceito respeitabilidade, um conceito básico para  viver em sociedade. Mas em meus dezenove anos deparei-me com muitos idosos que não se preocupavam em respeitar a minha condição de “jovem”.  Essa atitude deve ser trabalhada também. Como uma criança é ensinada a respeitar um velhinho ( com sua imagem de bondoso) se chega no seu prédio e recebe um caminhão de xingamentos, desdém, falta de delicadeza do próprio “frágil” senil? 

O pessoal tem receio de falar mal de idoso, porque é antiético, porque eles são frágeis, porque eles são mais velhos. Eu cansei, cansei de ficar calada com tanta tirania. A minha vontade ( que isso seja apenas uma confissão) é responder a altura as vezes que fui atacada, desmoralizada e envergonhada por ditos injustos  pronunciado por algum idoso.

Repito, eu respeito os idosos, os idosos de bem com a vida, os idosos educados, os idosos bem humorados, os idosos gentis. Os idosos que também me respeitam.