20 de mai. de 2010

Por aí, encontrei..

Nessa parte, quando ninguém está observando e o sol vai embora, a gente acredita que o tempo volta, que as canções são nossas e que teu cheiro ainda faz parte da minha pele. Até voltarmos para a realidade dos amantes mal amados e que os livros, uma vez publicados, sempre terão o primeiro parágrafo, não adianta pular, nem rasgar. Começar a história pelo segundo parágrafo seria perder parte da descrição: meu vestido branco em um corpo molhado de suor que Alceu cantou, só para você lembrar de mim, naquela madrugada. E o que seria de nós sem nossas lembranças de verão? Uma impossibilidade?

E que briga é essa? E que loucura é essa de alimentar esse quase? Que necessidade é essa de manter essa relação que ninguém sabe assumir, ninguém sabe resumir e muito menos resolver? Ah, o quase. Quase sabemos da impossibilidade, do sufoco e, como loucos, nos atiramos em abismos de verdades, doa a quem doer. E dói. Quase deixa cicatriz.
Hoje, confesso que consigo quase entender a tua falta dentro dos meus planos, o amor que quase derramei em versos descarados e públicos destinados aos teus sonhos que me incluíam. Também sei que hoje faço parte da saudade que alimentas todas as noites em que a vida não bate na tua porta e te chama para o bar mais próximo. Talvez, no bar, eu também seja uma falta que você beba em goles largos e quentes. Porque, para sempre, eu vou ser um aquiloquepoderiadarcerto no meio do teu peito e você vai ser um quase preso na minha garganta.
Mas, calma, até que nem tanto esotérico assim. Se somos incompreensíveis, a nossa história é mais. O nosso futuro é uma incógnita cheia de expectativas e uma noite que não teve beijo de despedida. Sabe-se lá o que virá e em que velocidade. Quase esqueço que isso de esperar o que não é e nem pode ser promessa é a forma mais desesperada de matar qualquer coração que lute pela sobrevivência. Quase esqueço que com você é sempre um quase e me adentro nos teus olhos castanhos que me arrastam feito ímã para qualquer canto que não habite o impossível e nem o improvável. 
Maldita impossibilidade que parece zombar dos amantes.

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