11 de mar. de 2010

O diferente aprendeu a mascarar seu deslocamento. Consegue muito bem sorrir e concordar. Apenas o mais perceptivo verá o ocasional olhar nublado, ou o suave e desprezante arqueamento de lábios. Todo deslocado se sente superior? No fundo, ele sentirá algo parecido. Mas sabe que superioridade não existe, pois melhor e pior fazem parte da cegueira. Secam, morrem e definham sob a luz. Diferença não é superioridade. Há compensações. Negativas e positivas. É possível ser profundamente pensador e profundamente sociável? A máscara pensa que sim. O demônio interior sabe que não.

A diferença leva ao isolamento. Ou o isolamento leva à diferença? Pergunta capciosa. Há alguma origem. É possível isolar uma variável? Felizes aqueles que possuem registros independentes das lembranças, sempre distorcidas pelo tempo. Havia a diferença. Nasce o isolamento. E inicia-se a retroalimentação.

De nada a lugar nenhum a vida leva, e um momento de despedida só pode evocar o fantasma do "e se?". Admirável como a mais tola de todas as perguntas, e continuará sendo enquanto não for possível retorcer o tempo, é também a mais evocada. Há um tênue limite entre a utilidade como aprendizado e o masoquismo pessoal. Definitivamente, não é às portas do inferno que se ficará no primeiro lado da linha.


Duelo de Escritores.

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